domingo, 14 de maio de 2017

Lula provocou Moro - e tem poder para isso

O depoimento do ex-presidente para as investigações da operação Lava Jato gerou revolta entre integrantes da direita, e indignação entre os militantes de esquerda. Os últimos pensam que foi um ultraje horrível, inaceitável e parte de uma campanha de perseguição coordenada pela "mídia e pelo Poder Judiciário". A direita entende as palavras de Lula como ameaças - e tem razão para isso. Deveria ter sido um depoimento, mas foi uma sugestão do que ocorrerá caso o Partido dos Trabalhadores volte ao poder. O erro do "caminho democrático" não será cometido mais uma vez pelos marxistas brasileiros. O culto à "revolução bolivariana" na Venezuela é prova de que mesmo os partícipes do PSOL flertam com um tipo de regime mais próximo da boa e velha tradição leninista. O depoimento foi pervertido, politizado e transformado em aviso, muito claro para todos os agentes públicos que ousem se opor ao projeto de poder totalitário.

Como bem explicou Łobaczewski, todo movimento revolucionário, centralizado e militarizado, como a vasta maioria dos partidos marxistas, tem um potencial enorme para a atração de psicopatas, que invariavelmente terminam em posições de poder. A obssessão por controle tem papel fundamental no processo, e é a engrenagem principal da "patologia social" que se cristaliza com a criação dos sistemas socialistas, sejam eles de caráter internacionalista ou nacionalista. É evidente que um de nossos ex-goevernantes tem talento formidável para o alpinismo social - mesmo com uso de acidentes de trabalho falsos ou colaboração com regimes autoritários de direita, como o que governou o país após 64. Cada psicopata possui esse tipo de habilidade, que pode ser mais ou menos pronunciada. Naturalmente, dentro da estrutura do movimento marxista, o indivíduo com o transtorno de personalidade adquire muito poder. O psiquiatra polonês explica que o líder exerce a função de "inspiração", para outros psicopatas, e "temor religioso" para a massa histérica, da qual a maioria da militância é composta. A máquina totalitária confere influência e capacidade de perpetuação quase sem fim. O resultado, como se vê claramente na sociedade brasileira, é a persistência do culto à personalidade, que tem potencial não-desprezível de levar a mesma (já muito bem conhecida) organização criminosa ao controle do Estado. Uma vez que os socialistas estejam no poder, o país deverá esperar uma conduta bem pior do comando.

É inegável que a esquerda possui grande capacidade de autocrítica. Isto é até mesmo parte do dia-a-dia de partidos de grande sucesso, como o chinês, que adota o "ritual" desde antes da tomada do poder. O processo também envolve a reengenharia de estratégias de tomada de poder - foi o que os militantes brasileiros fizeram durante o regime militar, e o que levou o marxismo tupiniquim ao caminho gramsciano para o socialismo. As lideranças perceberam que a luta armada fracassou: restou assumir o caminho da revolução cultural para a hegemonia política. Todo o processo levou poucos anos - foi realizada uma mudança completa de rumo, adotada fielmente e seguida à risca até os dias de hoje, anos depois do colapso da União Soviética e da mais bem-sucedida vertente do socialismo internacional. A esquerda fará, sem a menor sombra de dúvida, uma nova mudança - e esta deverá levar o movimento para o caminho das armas.

Durante o processo que levou à queda do governo petista, as lideranças começaram a expressar a nova orientação, sem medo. As palavras de ordem sobre "guerra civil" começaram a fazer eco. O MST se agitou, Lula adotou uma face completamente distinta da habitual - o lado "castrista" do movimento começou a se mostrar, sem medo. O grande problema que o Brasil enfrente é a continuidade da influência do ex-presidente sobre grande parte da população: pode haver uma nova eleição favorável ao partido. Se isso ocorrer, como foi deixado bem claro no depoimento, a imprensa e os opositores, dentro e fora do Estado, enfrentarão o lado leninista do petismo. O movimento não utilizou a violência, antes do impeachment, porque pensava não ser necessária para a manutenção do poder. A derrota forneceu aos militantes uma lição amarga, que não será esquecida - o "exército" do qual o ex-governante falava finalmente vai ter a chance de educar a população brasileira comum a respeito da boa e velha "democracia proletária". A simpatia da esquerda brasileira para com o sistema venezuelano não é aleatória: é um sintoma de que o mesmo tipo de doença social está em incubação no Brasil - e houver apenas mais uma chance, o caminho convencional do partido revolucionário será trilhado, para que  nunca seja derrubado novamente. A eleição de um candidato verdadeiramente conservador não é mais uma mera questão de "escolha": é a única alternativa para a população, caso não queira ser submetida ao modelo de governo mais brutal, parasitário, destrutivo e assassino que a raça humana já viu. As ameaças feitas no depoimento são de credibilidade inquestionável - talvez as únicas palavras que poderiam ser ditas com sinceridade pelo réu. O sangue e as lágrimas dos venezuelanos dão testemunho de o quanto as palavras sombrias do "barba" têm fundamento.

Mais sobre o tema - Joice Hasselmann comenta o depoimento do ex-presidente à operação Lava Jato:

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