domingo, 1 de outubro de 2017

Sobre a farsa do "fim do comunismo"

Para uma ideologia que "morreu" com a queda do muro de Berlim, em 1989, o comunismo permanece bastante perigoso. Mata pessoas diariamente no Laogai chinês, nas ruas da Venezuela, tira as vidas de centenas de inocentes em toda a América Latina através das ações das FARC e associados, mesmo no Brasil, e chega a ameaçar o planeta inteiro com a possibilidade de um holocausto nuclear como nunca visto, através do cachorro louco Kim Jong-Un. Mais uma vez, o grande filósofo da Virgínia tem razão - como tinha, em 2006, ao denunciar com uma década de antecedência a empreitada que seria feita no Brasil pela esquerda chique para a legalização da pedofilia. Para saber o que irá acontecer na História, é preciso acompanhar os movimentos estratégicos dos atores políticos, e os que comandam a direção do Estado chinês, russo, norte-coreano, que comandam cada pelotão das FARC e cada partido marxista ensandecido da América do Sul são o mesmo grupo de discípulos de Lenin que assegurou a expansão do poder soviético no Leste Europeu, nos países em desenvolvimento e cada ação do complexo NKVD-KGB-FSB. Se o grupo é o mesmo, as cabeças são as mesmas, e se as cabeças são as mesmas, os objetivos não mudaram muito, como fica claro através da observação de cada gesto de loucura dos "queridos líderes".

Como já foi explicado uma centena de vezes pelo escritor mais preciso da modernidade, antes do fim do regime soviético, houve uma mudança estratégica considerável na direção dos esforços da inteligência bolchevista - Beria, como Montefiore explica em A Corte do Czar Vermelho, já discutia a ineficiência da economia planificada. Diante a incapacidade de controlar o sistema produtivo, a direção determinou que a meta da inteligência e da militância era o controle de tudo o que poderia haver além dela - cultura de massa, imprensa, universidades e mercado editorial. Foi a cristalização do programa estratégico desenhado por Gramsci, ainda na primeira metade do século, que foi incansavelmente estudado por toda a esquerda, e ainda é considerado um dos mais importantes autores marxistas do período, possivelmente perdendo o primeiro lugar apenas para Lenin. A conquista de todo o sistema educacional e cultural, assim como o domínio das estruturas de poder informais (entre as quais está o crime) é muito mais emergencial do que os pyat'letki. Ter toda a imprensa e a academia ocidentais, assim como as máfias e organizações de traficantes de entorpecentes, ao lado do movimento é algo muito mais urgente do que fundar "Estados proletários" destinados ao fracasso econômico e à fome assassina. As roupas mudaram, mas o manequim é o mesmo.

A Rússia e a China não são incógnitas - são o que sempre foram. São autocracias brutais, genocidas, dispostas ao extermínio de 80% da humanidade (nas palavras de Mao), desde que o poder absoluto da casta governamental esteja assegurado. Os homens no comando são os mesmos do tempo do Pacto de Varsóvia - Putin confessou que "só há ex-tchekistas no cemitério", Lukashenko nem sequer se deu ao trabalho de mudar muito o terno. O regime de Xi Jinping se mostra cada vez mais agressivo nos oceanos vizinhos, e não esconde a intenção de um conflito militar de grandes proporções contra os EUA  e aliados. Qualquer mudança de discurso, orientação econômica ou mesmo verniz civilizacional é adotado apenas para assegurar o poder da "troika" lendária da qual falava Viktor Suvorov, Exército-NKVD-Partido - hoje, fica claro que o lado mais forte, na Rússia, é a inteligência, e na China é o exército. A economia de mercado chinesa foi edificada com o único propósito de assegurar a indestrutibilidade do Exército de Libertação Popular, o maior em contingente e com um dos mais avançados aparatos tecnológicos do mundo, assim como o fim da URSS foi realizado apenas com o objetivo de assugurar o poder das redes informais já estabelecidas pelo complexo do NKVD e GRU com o crime organizado internacional e os movimentos aliados ao redor do planeta. As FARC são apenas o parceiro mais "óbvio". O poder absoluto de Putin não é surpresa - a democracia russa é apenas o verniz. A substância do regime é feita dos mesmos indivíduos que comandaram o GULag ao longo de 70 anos, e que espalharam o sofrimento, a cocaína e a morte por cinco continentes.

Assim como a economia de mercado pode eventualmente ser útil à "troika", em um determinado momento, o conflito aberto também pode ter uma finalidade prática - ou a mera ameaça pode trazer algumas vantagens. Os regimes comunistas - por consequência, suas castas governamentais, suas "nomenklaturas" - se acostumaram a receber gordas somas de recursos como forma de "ajuda humanitária" ou "tecnológica". O regime norte-coreano também o fez. Assim como fizeram com seus povos, por meio do furto, do assassinato, dos trabalhos forçados e do saque, tentam fazer com todas as nações civilizadas. Isso é a própria natureza da "economia de guerra", que é, em grande medida, a única economia que os burocratas foram capazes de "edificar" - nada de grandes sonhos socialistas, na prática, como gerações de militantes desiludidos ou fuzilados puderam constatar através de testemunho direto. É assim que funciona: ou o mundo se dobra aos objetivos da troika, ou todos iremos queimar no apocalipse atômico. Paz quando a paz for necessária, guerra quando o inimigo resistir - "se ele resistir, deve ser exterminado", nas palavras de Ilich.

Os últimos acontecimentos deixaram clara a unidade estratégica dos objetivos das castas dominantes da Rússia, China Venezuela, Coreia do Norte e mais a constelação de nações governadas por movimentos revolucionários (o Irã é um caso interessante, que mistura o discurso revolucionário marxista clássico com o Islam, na amálgama criada por Sayyid Qutb). A mudança cosmética no discurso russo não muda em nada a essência dos "timoneiros" - o Estado totalitário, o discurso "anti-imperialista" e a busca da redenção através do "holocausto revolucionário" ainda são o norte da família. O poder absoluto ainda é a única alternativa aceitável, a qualquer custo - e este é o mesmo raciocício cultivado por Lenin, quando planejou a NEP. Vladimir Ilich Ulyanov continua deitado sossegadamente, na praça vermelha, com sua alma tendo um breve momento de riso nas profundezas do inferno, ao saber que seus estudantes conseguiram aprender alguma coisa.

Mais sobre o tema - Olavo de Carvalho discute ideologia da inteligência russa e programa estratégico do Estado de Putin:

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