quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Universidade e parasitas universitários

O conceito clássico de universidade sugeria conferir aos alunos instrução sobre uma universalidade de temas, sobre inúmeros campos de conhecimento, que poderiam variar de aspectos práticos/profissionais às dimensões criativas ou artísticas, bem como à instrução moral, espiritual, do conhecimento das regras básicas da realidade, da vida e da civilização. A formação tradicional pelo trivium e quadrivium garantiria ao estudante o domínio do idioma, a capacidade de expressão e convencimento, o raciocínio lógico e mesmo o conhecimento de teoria musical e o domínio da geometria. É notório o impacto positivo desses campos do saber na vida pessoal ou profissional de qualquer estudante - o aprimoramento é certo para um advogado, por exemplo, para um executivo ou mesmo para um engenheiro envolvido em gerenciamento de projetos. A formação tinha por objetivo garantir o saber e aperfeiçoar o caráter da pessoa. A mudança de padrão observada na "universidade-profissionalizante" foi, desde sua concepção, uma perda catastrófica.

A "universidade-autorização profissional" perdeu qualquer compromisso com a elevação do estudante - e essa não seria a única perda sofrida na História do ensino superior. A preocupação "com o mercado de trabalho" transformou as universidades em uma espécie de SENAC - o estudante se dedica aos estudos porque o diploma é a porta de entrada para os cargos X ou Y. É evidente que essa abordagem criaria a necessidade da universidade para todos - não existe mais o amor sincero ao conhecimento, apenas o amor às possibilidades de ganho financeiro. Foi uma prostituição do caráter e da sabedoria à qual o pensamento brasileiro, por exemplo, não sobreviveu. Não existe mais uma alta cultura, ou uma classe de intelectuais - e não no sentido dado ao termo por Paul Johnson. Existe apenas o que Russell Kirk chamava de "proletariado intelectual". Esta casta é apenas um conjunto de jovens imbecilizados, filisteus até a medula, que tem como única meta de vida obter tais e quais títulos para disputar um carguinho bem pago.

A morte do ensino superior não foi rápida, e não teve sua agonia final garantida pela mutação anterior. No Brasil, tudo que é horrendo pode ficar um pouco pior. Se, na maior parte do mundo, o proletariado universitário ainda convive com um ou outro legítimo representante do gênero animal dotado do cérebro mais eficaz, no Brasil, temos apenas os shudra mais vulgares em coabitação com os "comissários", os queridinhos imbecilizados da burocracia estatal. Com a mudança na orientação estratégica da esquerda que nasceu após 1964, a única prioridade da militância foi transformar as instituições de ensino em trincheiras da revolução cultural. O Brasil viveu com o processo de "proletarização" da universidade e com a "marcha pelas instituições" ao mesmo tempo. Sem uma tradição de estudos independentes difundida entre a "classe pensante", o mal que, no mundo, se tornou uma caricatura mal-feita, no Brasil, terminou como uma piada demoníaca. O Brasil não só tem uma intelectualidade que estimula e cultua o crime (e os criminosos): tem profissionais incompetentes e gasta orçamentos astronômicos com professores que tem como único propósito de vida a difusão industrial de uma religião falsa, fracassada e assassina - o marxismo. Havia dúvidas possíveis sobre esse resultado?

Se o conhecimento não é o objetivo, até mesmo as técnicas se perdem - a vida prática se torna mais e mais impossível, esquecida nas brumas das gerações que foram competentes. Sem o domínio do idioma, não é possível entender sequer um manual (mesmo que na linguagem mais simplória). Sem a lógica, não é possível entender coisa alguma - e até os imbecis profissionais das fileiras do socialismo poderiam fazer bom uso desse recurso, como alguns dos "grandes" socialistas do passado fizeram. A universidade se tornou um circo, um canil para adestramento de idiotas. A única coisa que estão aprendendo é a ideologia - e não qualquer ideologia, mas aquela que cultua o crime, a violência revolucionária e o colapso moral e econômico. Não há instituição de ensino que possa sobreviver a isso. Sem uma casta independente dedicada ao saber, nem sequer a recuperação dessas organizações é possível.

Personalidades como Mário Ferreira dos Santos mostram que a única esperança está além dos cadáveres das universidades. O Brasil precisa aprender a ter um amor sincero, independente e feroz pelo conhecimento, ou está condenado a morrer pela burrice. O proverbial ódio ao saber, pecado mais amado do país, pode ter um preço inimaginável. Corrigir esse erro deve ser o objetivo mais urgente de um movimento conservador.

Mais sobre o tema - Olavo de Carvalho comenta a "vida intelectual" no ambiente acadêmico do Brasil:

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