terça-feira, 15 de julho de 2014

Sobre o Hamas e o PSOL

O PSOL - "Partido Socialismo e Liberdade" - é um dos mais curiosos frutos do pensamento esquerdista. Um leitor desatento poderia ser convencido de que a agremiação verdadeiramente se preocupa com os direitos dos gays - ou de qualquer minoria ou grupo perseguido que seja, como supostamente o são as mulheres -, se esse leitor  não se desse a um mínimo de esforço para conhecer o que a legenda realmente defende. Como todo bom partido marxista moderno, o PSOL é oficialmente apologista do leninismo. Mal sabem os eleitores da beautiful people universitária que Vladimir Lenin defendia o extermínio de minorias étnicas e o aprisionamento de crianças, como extensivamente discutido pelo general-coronel do exército vermelho Dmitri Volkogonov. A militância não sabe o que o partido é, ou o que querem dizer suas palavras de ordem, como sugere o texto publicado na página oficial da organização, "Em Defesa do Leninismo". O texto, aliás, também defende outra das vacas sagradas dos psolistas, o senhor Leon Trotsky, líder militar da revolução de outubro que solicitou ao partido bolchevique a criação dos campos de concentração para conter a onda de "inimigos do povo", "encontrados" durante o primeiro Grande Terror soviético - e não há que se falar em "stalinismo": Dzerzhinski foi da prole de Ilich, não de Vissarionovich; foi o criador da estrutura de poder que apenas seria reutilizada pelo ditador georgiano. O mesmo PSOL que louva os idealizadores do Gulag, do Terror e da repressão étnica levada a cabo pela polícia política socialista, defende o Hamas - e pelas melhores razões. O PSOL, no cerne das convicções de cada militante, está disposto às mesmas coisas que o Hamas em nome do poder, a ser usurpado para a causa da "justiça social" - naturalmente, sob a mão de ferro do partido (ou, no caso do Hamas, da teocracia islâmica, que tem sua própria versão do discurso "em nome dos pobres").
Imagem: http://goo.gl/tQ0ztb

O Hamas é uma organização antissemita por excelência - até em seu estatuto, a organização faz defesa do genocídio contra o povo judeu. Esta não é a opinião de um autor conservador: esta é uma diretriz registrada em documento oficial da organização. Conforme os próprios integrantes da "resistência palestina", seu objetivo é "matar os judeus", "combater os judeus", "matá-los mesmo que se escondam atrás de rochas e árvores". O Hezbollah, outra organização para a "libertação" palestina, é bem mais explícito, e não tem medo de divulgar fotos de seus militantes fazendo a saudação nazista. Quando o PSOL brasileiro queima a bandeira israelense - para ser mais específico, quando o candidato Babá, apoiado por Marcelo Freixo, faz esta afronta ao símbolo de um povo perseguido em todo o mundo há milênios - em praça pública, proclamando apoio incondicional aos integrantes de movimentos como o Hamas, está apenas "voltando às origens". O ídolo Lenin jogou mulheres, crianças e idosos nos campos de concentração: os alunos do maior líder marxista do século XX podem apenas seguir o exemplo, e vão bater palmas para quem pede o extermínio do povo judaico. O partido brasileiro possui um vínculo ideológico imortal com as organizações muçulmanas, que é precisamente o que torna os movimentos revolucionários de todos os países essencialmente iguais: esses grupos têm por objetivo alcançar o "fim das desigualdades", ou o "fim da opressão imperialista" através do assassinato de indivíduos que entendem como "inimigos", os quais podem definidos por sua classe, raça, religião ou afiliação política. Essa crença em um "futuro perfeito", com uma organização social ideal, deve, para cada um dos integrantes do partido revolucionário ser trazida à realidade por meio de um "julgamento", que irá acabar com as malignas formas de vida responsáveis por impedir o nascimento do novo Éden. Essa maneira de compreender a realidade é a essência do pensamento revolucionário: é o núcleo da ideia marxista - contra a "burguesia" ou contra o "Völkerabfälle" -, da ideia nacional-socialista - contra as chamadas "raças inferiores" - e do islam político - contra os "kefr", sejam eles judeus ou cristãos.

Ainda que o movimento marxista brasileiro e o movimento islamista - no sentido correto do termo - possuam um "núcleo" idêntico, há diferenças importantíssimas em seu discurso "para fora", assim como em outros aspectos que fundamentam as duas ideologias - aqui, mais uma vez, em um sentido preciso do termo, especificamente, o criado por Voegelin. O PSOL, como bom partido revolucionário, interpreta o papel de defensor dos homossexuais, ao mesmo tempo em que aplaude, em seus veículos de comunicação oficiais, regimes responsáveis pela perseguição e assassinato desse grupo de pessoas. Os islamistas defendem a execução dos "sex-libers". O PSOL apenas defende as minorias - todas elas, enquanto for politicamente favorável ao movimento socialista: o objetivo derradeiro é a tomada do poder, mesmo que pela insurreição (como Lenin, aliás, sugeria que fosse feito). Se a minoria em questão passa a ser identificada como "inimiga" (como agora o partido vê os judeus), então o aparato é incitado à agitação racista, e está disposto a deitar-se mesmo com o fascismo islâmico. Os maometanos da escola de Muhammad Kutb, por sua vez, são diferentes em discurso e fundamento por uma razão genética, que é exatamente sua força, e o que os torna os vencedores finais sobre todas as outras correntes de pensamento revolucionário. O alicerce "civilizacional" dessa vertente das ideologias (ainda conforme Voegelin) é a revelação corânica.

Enquanto a vasta maioria das ideologias teve morte rápida, o islamismo é imortal - ou quase. A revolução francesa durou poucas décadas, e nada sobrou de Robespierre. O movimento apagou-se, e ninguém se importa com Rousseau a ponto de fazê-lo profeta da religião de Estado, como fizeram os líderes responsáveis pela primeira Grande Revolução bem-sucedida. Lenin deixou uma mixórdia confusa de criaturas que variam do Juche ao Socialismo Africano Somali e Etíope. Nenhuma versão reelaborada de seu pensamento durou mais de um século: todas, sem excessão, renderam-se em maior ou menor grau à economia de mercado (até a Coreia do Norte tem suas ZEEs). Todas fracassaram miseravelmente em criar um legado para além do desastre social e da fome, que é facilmente identificada a única constante dos Estados marxistas. O nacional-socialismo hitlerista durou pouco mais de uma década, e a miséria humana criada por ele (mesmo contra os alemães, diga-se de passagem) não têm comparação com quaisquer catástrofes ocorridas antes na história humana, salvo a fome ucraniana - não por coincidência, os únicos genocídios de escala e rapidez próximas às do legado germânico são o Holodomor e a Grande Fome chinesa, de Mao Zedong. O bolivarianismo latino-americano é uma piada mesmo para os padrões do fracasso das demais ideologias - nasceu morto, deformado, aleijado e inspirado em um ditador cínico e racista que odiava a América Latina, o próprio Bolívar. Seu resultado é o colapso das economias regionais e o ódio popular sem fim contra as lideranças, que são débeis em demasia para repetir as conquistas de seus ícones do início do século XX. O islam político nunca teve um fracasso tão miserável quanto seus "irmãos", porque sua base é a própria civilização islâmica. O islamismo não promete um paraíso terrestre inalcançável, nunca visto por olhos humanos - o islamismo sugere apenas o que (nas cabeças dos clérigos islâmicos) existiu sob Muhammad. Todas as "sociedades vindouras" das outras ideologias são artificiais. O porvir do Hamas, para infelicidade da raça humana, é muito tangível, próximo, real.

O islam político nunca falou na "sociedade liberal e democrática" da Revolução Francesa. Nunca ofereceu "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" em troca de alguns milhares de "inimigos do povo" decapitados. Jamais sugeriu o paraíso de justiça, liberdade e abundância para todos da economia comunista vindoura, que naturalmente exige alguns milhões de burgueses e "inimigos de classe" enviados para as covas coletivas. Nem sequer cogitou algum "socialismo étnico" a ser criado sobre as cinzas dos "Untermenschen". O islam de Kutb, do Hamas e do Hezbollah quer a sociedade em que Muhammad viveu: quer pura e simplesmente o domínio completo de sua religião, expansionista, implacável, com a única certeza de oferecer o fio da cimitarra para as cabeças de quem se recusa a submeter-se. O islam político vê o inferno como paraíso, e é exatamente por isso que ele tem mais força: sua promessa é mais fácil de cumprir. Essa ideologia enxerga a própria civilização islâmica como o futuro, e seu apelo é óbvio, para quem segue a fé. É por essa razão que, no fim, o Hamas engolirá o PSOL.

O PSOL, assim como todos os demais partidos marxistas das Américas, é como um sopro, fadado a se dissipar, como fizeram seus irmãos durante as últimas décadas. Nunca houve, nem haverá, civilização fundada pelo marxismo. A religião voltou com força à China, assim como ao Leste Europeu, e as economias planificadas desfizeram-se como castelos de cartas. O PSOL morrerá como seus antecessores, mas de forma mais trágica - e irônica. Seus protegidos herdarão o mundo, e não terão qualquer misericórdia para aqueles que os socialistas dizem representar, ou mesmos para os próprios socialistas. Em mais de um milênio de expansão ininterrupta, o Islam varreu inúmeras culturas da existência, e não teve qualquer gesto de benevolência para o ateísmo. Os mesmos socialistas que pedem o fim de Israel pelas mãos da "resistência" muçulmana verão suas últimas horas diante de um tribunal da Shariah. Não há "oposição" ou propaganda anti-clerical sob a lei corânica - há apenas a submissão, a Shahada ou a morte.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...