domingo, 27 de agosto de 2017

O Brasil desiste de si mesmo, e essa é a vitória da casta burocrática

A antiga piada sobre a "criança que sonha em ser aposentada, quando crescer", é uma das descrições mais justas do povo e da mentalidade brasileira. As origens do problema, como aponta o professor Olavo de Carvalho, são complexas: pode haver relação entre o histórico de dominação dos lusitanos por uma sucessão de impérios - fenômeno similar é observado na Romênia. A mentalidade brasileira é caracterizada pela preguiça patológica, pelo ódio ao conhecimento e ao esforço intelectual, pela busca constante por símbolos externos de autoridade e pela busca do conforto físico, na forma da realização da menor quantidade possível de trabalho em seu ofício, seja ele qual for. É uma mistura da famosa "preguiça invencível" com o bucrocratismo português: o sonho do brasileiro médio é ser o burocrata bonachão, que não produz absolutamente nada, e pode se esconder confortavelmente nas saias da família, nos finais de semana, esperando a vida passar sem se impor a necessidade de qualquer conquista ou sucesso (porque já os entende como objetivos impossíveis). A História foi tão brutal com os brasileiros ao ponto de justificar essa efetiva castração espiritual? Provavelmente não.

Os habitantes originais da península ibérica foram povos pré-indo-europeus, aparentados com os bascos. Sua língua não se parece com nada que existe na Europa Ocidental. A maior parte da população foi suplantada com a primeira migração em massa das nações proto-iranianas (que deram origem às diversas nações indo-europeias de hoje), e os sucessores imediatos dos pré-indo-europeus foram os celtas. A conquista celta foi sucedida pela conquista romana, também de linhagem indo-europeia (ou "proto-iraniana"). Depois da invasão romana, a Ibéria foi ocupada por germanos, principalmente os suevos e os visigodos, e, finalmente, pelo califado islâmico, até a reconquista, feita com ajuda do exército francês, em parceria com o que sobrou da nobreza visigótica, com os galegos e com os demais domínios que permaneceram sobre senhores feudais cristãos. É,  efetivamente, uma história de invasões, que poderia dar conta de explicar o caráter passivo dos lusitanos e de seus povos-irmãos (especificamente, os brasileiros). Mas isto está muito longe de refletir as dimensões do problema histórico - muito pequeno, se colocado em comparação com a situações de povos menos afortunados. Os ucranianos, por exemplo, passaram coisa muito pior, e tem muito mais força de vontade que os brasileiros.

Quem já conheceu um ucraniano, deve ter percebido que essa nacionalidade tende a inovar e correr atrás de auto-aprimoramento e trabalhos mais promissores. O ucraniano sempre está à procura de uma oportunidade melhor em outro país, ou mesmo de uma chance de melhorar sua rende, através de alguma forma de ação econômica em sua própria comunidade. É ditado popular que "todo ucraniano tem algum business", o que é bem surpreendente, ao se considerar que este povo foi submetido a 70 anos de regime soviético. Parece que a nação não gostou muito do pacote de sucessos do "paraíso proletário". Todavia, a energia deste grupo étnico não se limita à ação econômica: como em outros países da Europa Oriental, é possível observar uma tendência ao auto-aprimoramento físico, mesmo através de exrcícios físicos extremamente difíceis, e a paixão por lutas (como o boxe, também muito popular na Polônia). Afinal, estamos nos referindo à "Kazatskoho Rodu", à "Nação dos Cossacos", os guerreiros mais valentes e ferozes da estepe eurasiática. Mas os ucranianos não foram submetido à infinitos períodos de dominação estrangeira? É certo que sim. O território ucraniano foi, originalmente, cita-sármata. Foi invadido ou saqueado por hunos e búlgaros (ambos de origem remota túrquica), colonizado por eslavos, conquistado por mongóis durante um século, re-invadido por tártaros, submetido à Rzecz-Pospolita polonesa, conquistado por Moscou e mantido no império russo por séculos e, finalmente, ao primeiro sinal de independência após a primeira guerra mundial, submetido à dominação leninista por setenta anos. Muitas dessas conquistas foram realizadas sob violência indescritível, como o período dos khanatos, notórios pela destruição "até a última pedra" das cidades de seus súditos, ou como a monarquia russa, que já empregava a violência como ferramenta para manutenção de seu poder, através de polícias secretas. No regime soviético, a repressão contra os ucranianos chegou às proporções de crimes contra a humanidade, como no genocídio pela fome conhecido como Holodomor, no qual sete milhões de ucranianos foram assassinados pelo poder comunista. Ainda assim, os ucranianos são um povo decidido, forte a produtivo, que anseia pelo crescimento e pelo sucesso. O que explica a estupidez brasileira? Que justificativa é boa o bastante para tamanho desperdício de vida humana?

O histórico de "sofrimentos" dos povos ibéricos não é o bastante para justificar a forma do "modo de pensar" brasileiro. Nenhum grande genocídio devastou as casas lusitanas. Não houve autocracia nem boiardos, não houve NKVD, KGB, Stasi ou Gestapo. Nem sequer existiu uma única ilhota do arquipélago GULag por aqui, ou em Portugal. Talvez a explicação seja muito mais prosaica: o Brasil nem sempre foi assim. Os brasileiros "aprenderam" a moda de desistir, e faz pouco tempo. Como bem argumenta Olavo de Carvalho, o país já teve grandes escritores, historiadores, cientistas e mesmo um dos maiores filósofos da História, o grande Mário Ferreira dos Santos, gênio que não possui par nas Américas. A moda da "vida fácil" deve ter surgido no Século XX. Os imigrantes trouxeram a ética do trabalho, mas alguns entraram na "competição por cargos públicos" - se permitiram corromper. No interior, até hoje, os brasileiros tendem a ser mais esforçados e a nutrir mais sonhos e objetivos. É possível que "a moda" tenha surgido nas grandes cidades - o que condiz com as explicações do professor sobre a "casta burocrática".

A "casta burocrática" brasileira sempre teve tamanho, mas se tornou uma verdadeira doença na segunda metade do Século XX. Até então, o país conhecia empreendedores e histórias de sucesso. Com a expansão do Estado e das redes de proteção estatal, a conduta doentia da "classe" governamental se espalhou por grupos, dentro do país, que tinham uma linha de ação completamente diferente. Talvez a expansão do Estado e dos "programas sociais" estejam diretamente ligados à ascensão da "cultura do concurso". Toda burocracia governamental do planeta sabe que precisa dos "programas sociais" para se nutrir, porque precisa de cargos. Mais cargos só serão justificados com mais departamentos, qu precisam ser preenchidos com mais parasitas profissionais. Esse sistema só se justifica quando uma mentalidade de desistência completa se espalha pela sociedade - e essa estrutura casa perfeitamente bem com a imagem que nossos queridos funcionários públicos e imbecis sindicalizados tentam vender de empreendedores, inventores, capitalistas e outros indivíduos que possuem, digamos melhores "habilidades de camada 6" (uso o termo para fazer justiça ao professor, que inspira essa ideia). Uma análise "de castas" ou "de classes" pode ser incrivelmente odiosa - a estupidez do marxismo ecoa pela História - mas, ironicamente, serve como uma luva para compreender o discurso dos nossos vagabundos profissionais. Entrar em qualquer instituição Estatal é entender porque os indivíduos de sucesso são retratados como demônios em pessoa: a estrutura econômica que mantém a casta burocrática só pode ser mantida em um mundo de coitadinhos inúteis. Se improdutivo é o que há de mais eficaz para o estilo de vida da nossa geração da infância do "quero ser aposentado, quando crescer".

Para qualquer pessoa que venha de outro país, pode ser muito difícil aceitar a conduta dos brasileiros, ou mesmo entendê-la. O que é completamente justificável: como pode uma nação inteira (ou ao menos parte importante das populações de suas maiores cidades) ter o propósito de "se tornar nada"? É uma situação trágica, que não faz justiça aos grandes homens que viveram neste país, e deixaram um legado de grandeza moral e intelectual, como Pedro II. A nação de Mário Ferreira dos Santos não pode se contentar com um "Leandro Espiritual", ou com um Emir Sader - esse mesmo, o intelectual da UERJ que escrece Getúlio com "lh". Até que o Brasil saia do lixo em que se jogou, os parasitas continuarão vencendo.

Mais sobre o tema - Olavo de Carvalho discute a mentalidade dominante no Brasil, com base na teoria das camadas da personalidade:

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Sobre a censura no monopólio da Internet

A recente tendência de "desmonetização" de veículos de comunicação conservadores chega ao cúmulo do ridículo, com ataques velados mesmo a trechos a respeito da arte moderna, como o publicado por Paul Joseph Watson, que faz referência à percepção de Roger Scruton sobre as "obras de arte desconstrucionistas". O vídeo de Watson foi considerado "perturbador" para alguns públicos (possivelmente, para os inúteis que se formam nas escolas contemporâneas de artes ou ciências humanas). Um vídeo satírico do canal Rebel Media, em que o palestrante faz uma piada acadêmica com a audiência, também saiu do ar (e foi retirado por um estudante que se sentiu ofendido por não entender a blague). A censura triunfa, impera e emburrece alegremente o público do mundo - não se resume apenas às fracassadas instituições de ensino superior.

É assustador observar como o capitalismo tende ao socialismo, desde os tempos dos irmãos Sverdlov e até mesmo durante o século XIX. Marx foi patrocinado por um industrial, e o socialismo dos dias de hoje vive com aparelhos supridos com os infinitos recursos de senhores como o financista/colaborador húngaro do nazismo que conhecemos bem. Por alguma razão incompreensível, o maior monopólio da Internt, que inclui o principal site de vídeos e o principal site de buscas, também decidiu sustentar a ideologia totalitária. Parece que os jovens estudantes que trabalham na corporação (e os donos dela) não entendem que sua riqueza vem da livre circulação de informações. Transformar seus meios em mordaças será matar sua própria fonte de recursos. Aparentemente, os grandes capitalistas também são, após a mudança para a mentalidade "metacapitalista", suicidas.

A humanidade normal já sobreviveu a todos os piores regimes da História, derrubou o nazismo e rejeitou, quase universalmente, a brutalidade marxista. Não obstante, poderá ser bem difícil superar o controle das informações, se praticado por organizações tão vastas como as que agora se voltam contra a liberdade. Os conservadores deverão encontrar caminhos alternativos para suas publicações - novas redes sociais, sites de vídeos, sites de busca ou qualquer ferramenta que permita contornar os olhos vigilantes dos criadinhos do globalismo. Olavo de Carvalho diz que a vida é feita da tensão constante e do conflito, da necessidade de superar obstáculos sucessivos: a charada da censura, praticada pelos meios que prometeram ser os alto-falantes da liberdade, é o problema sobre o qual devemos nos debruçar. Resolvê-lo será uma brisa de ar puro para as próximas gerações.

Uma abordagem interessante é a adotada pelo veículo InfoWars, que não apenas criou seu próprio mecanismo de propaganda (custeio das operações) e desenvolve ferramentas para transmitir vídeos, bem como um sistema de rádio tradicional. No fim do dia, os recursos mais tradicionais do jornalismo podem se mostrar o remédio contra o totalitarismo digital. Outros veículos de comunicação e personalidades do movimento conservador dos Estados Unidos fazem o mesmo, com sucesso e com muito mais alcance do que a mainstream media. Não obstante, é essencial desenvolver algum equivalente ao monopólio atual - é preciso criar uma nova plataforma para vídeos e novos mecanismos de busca, assim como redes sociais. A estratégia de Sun Tzu também não deve ser descartada - todo conservador deve saber que a vitória mais eficiente é aquela na qual não se dispara um único tiro. A ocupação de espaços não deve ser apenas uma "alternativa" - deve ser um dos objetivos mais emergenciais do movimento conservador. O vazamento do texto de um funcionário do monopólio demonstra que, mesmo nas fortalezas do "politicamente correto", há cabeças que pensam como os seres humanos saudáveis.

Mais sobre o tema - Paul Joseph Watson discute a nova censura na Internet:

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