segunda-feira, 25 de abril de 2016

O impeachment e o estamento burocrático

Desde o início das discussões a respeito do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o jornalista e filósofo Olavo de Carvalho mostrou-se contra a proposta, o que provocou críticas vindas de movimentos como o "MBL", defensores da tese de Hélio Bicudo. O posicionamento de Olavo a respeito do impeachment não diz respeito à necessidade de derrubada do governo petista - que é óbvia desde o primeiro dia de Lula na presidência - mas sim ao meio empregado na derrota dos socialistas. Olavo de Carvalho não está apenas contra o Partido dos Trabahadores - está contra toda a constelação de partidos e organizações socialistas e comunistas que funcionam como alicerces para o movimento totalitário nacional, parte de um projeto muito maior e mais antigo, de proporções internacionais e com o apoio de um lobby formidável, financiado por grandes figuras como George Soros, o patrono endinheirado da legalização da maconha no Uruguai.

O Brasil precisa derrubar o PT, é evidente - a organização pretende arruinar a soberania nacional e entregar o país ao movimento "bolivariano" continental. Lula, como já confessou, tem o interesse de "recuperar na América Latina o que foi perdido na Europa Oriental", através do Foro de São Paulo. O problema é que não apenas o Partido dos Trabalhadores pretende seguir esta agenda - todos os seus satélites querem o mesmo, incluindo algumas das siglas mais poderosas do Brasil, como o Partido Comunista do Brasil, de Jandira Feghalli, aquele mesmo grupo que não hesita em elogiar a "Coreia Popular", na qual famílias inteiras de "sabotadores burgueses" são condenadas à morte em uma rede de campos de concentração tão brutais quanto o "arquipélago Gulag". O PT é um inimigo do Brasil, mas é apenas o topo de uma pirâmide de grupos muito bem estruturada, que conta com aliados e protetores de vasta influência no país e fora dele - incluindo as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, a maior tropa paramilitar do hemisfério sul. Sem uma abordagem que deixe toda a articulação incapacitada, a derrota do PT não terá valor algum, e apenas servirá para que a esquerda se reconstrua e torne-se mais eficiente.

Olavo de Carvalho insiste em se referir ao processo pelo qual o país está passando através de uma expressão que provavelmente não é compreendida pela maioria de seus críticos marxistas - ele usa o termo "Revolução Brasileira". A Revolução Brasileira não é, de forma alguma, uma revolução em sentido convencional - marxista - do termo: não se trata de uma mudança social ocasionada pela transformação dos meios de produção. Não é a ascensão da burguesia, ocasionada pela agonia do modo de produção feudal e pela ascensão das forças produtivas que dariam à luz o capitalismo. É uma Revolução no sentido que os Founding Fathers da independência americana deram à palavra. É a retomada da normalidade civilizacional, intelectual e espiritual de um país. A insurreição anticomunista que o Brasil está vendo nascer é a nova guerra de independência, dessa vez, contra o projeto socialista-"bolivariano" continental, e contra os interesses de metacapitalistas que financiam os partidos da esquerda na América Latina. Para que essa revolução tenha sucesso, é preciso que a vasta maioria do povo brasileiro expulse da vida pública todos os integrantes da "patocracia" - para usar o termo de Łobaczewski - impiedosamente, um por um, e que todos eles sejam humilhados e expostos diante da opinião pátria, que é majoritariamente cristã e conservadora. Olavo tem consciência de que o povo brasileiro detesta o ideal comunista, a ideologia baseada no "ódio de classes" e quer jogar "na lata de lixo da história" o anticristianismo dos movimentos de massa atuais. O processo exige a tomada de consciência nacional, o surgimento e atuação "do povo como ator", do "povo brasileiro como arquiteto que cria seu próprio futuro", baseado nos princípios civilizacionais que criaram este país, as nações vizinhas e até mesmo os Estados Unidos - a América nasceu cristã, e foge do socialismo porque reconhece a incompatibilidade entre a tirania bolchevista e a liberdade ocidental. O impeachment é uma traição à revolução, porque devolve à elite burocrática socialista o poder de decisão sobre os caminhos do país e submete o povo, mais uma vez, ao papel de coadjuvante.

Para o filósofo, apenas a revolução popular possui legitimidade - porque, para o próprio povo, apenas a própria nação possui autoridade para limpar-se da escória totalitária. Olavo, analista que nunca errou em suas principais avaliações, entendeu o espírito do pais, compreendeu o que os brasileiros esperam de si mesmos. O ódio à classe política, amplo, absoluto e belicoso - "nunca antes na História do pais" um líder recebeu tamanhas ofensas, diante de todos - é, na verdade, o ódio a toda a degeneração moral do movimento coletivista. A opinião das ruas é inegável - o Brasil quer liberdade econômica, quer a prosperidade do desenvolvimento capitalista das grandes nações ocidentais industrializadas, quer a tradição cristã e quer a justiça aplicada aos vermes da política leninista e aos criminosos convencionais. Em poucas palavras, o Brasil quer a normalidade, quer ser o país de pessoas trabalhadoras, dedicadas, cristãs e, acima de tudo, amantes da liberdade, que sempre foi. O país cansou-se da ideologia dos "grandes líderes" - chega do varguismo, cria deformada do fascismo. Cansou-se do petismo lulista, aberração originária do marxismo. O brasileiro sempre quis viver em uma nação ocidental, capitalista, democrática e desenvolvida - quer o retorno ao que foi antes do teatro ideológico que começou com o fim do Império. O Brasil quer voltar a poder usar seu nome como símbolo de uma nação próspera e poderosa - quer abandonar as vestes da imundície e fracasso, jogadas sobre seus ombros pelos "vozhdi" vermelhos. O único caminho para a "volta à normalidade" é uma revolução - não a "revolução social", mas a Revolução Americana, um novo ano de 1776, quando a liberdade e a tradição "testada e vitoriosa" sobre o tempo venceram a tirania absolutista, que tentava acabar com a prática das liberdades individuais no Novo Mundo.

O impeachment é a negação da consciência nacional - é a rendição do país à casta burocrática bolchevista. É conferir à podridão sentada nos tronos do país a liderança sobre a independência nacional da ideologia. É trair o que o Brasil é, e jogar fora o despertar da nação, que grita desafios nunca imaginados aos "líderes", humilhados e acovardados. O autor quer que o despertar continue - ele sabe que essa é a única estrada possível para a liberdade. Não será um Lenin ou um Pedro II que fará o futuro do país - será o próprio Brasil, livrando-se do estamento ideológico que se propagou como um câncer, e que cultiva a pretensão de controlar os mínimos aspectos da vida nacional. O país está vivo e consciente, e não deixará que os parasitas voltem a ditar os passos de metade da América do Sul.

Assista ao comentário de Olavo de Carvalho sobre o "estamento burocrático":

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