sábado, 3 de outubro de 2015

Putin contra Obama

Comparar Vladimir Putin com Obama é como comparar o lobo com a lebre, para usar o ditado russo. As últimas palavras do "ex"-tchequista referentes ao confronto no oriente médio dão testemunho da habilidade retórica desenvolvida em anos de pressão - de terror, de medo constante de oficiais e de treinamento brutal e de eficácia soberba - em trabalho para o "poder soviético", enquanto a expressão pusilânime e as palavras decoradas, sem vida, do atual ocupante da Casa Branca, apenas revelam o quão oca é a personalidade de Barack Hussein.

Vladimir Putin é um assassino profissional. É mais um filho da "fábrica de venenos", dos "órgãos" do poder soviético, que exterminaram indivíduos e populações inteiras, em crimes que vão dos discretos assassinatos de Kirov, Dzerzhinsky e mesmo de Stalin - sob a supervisão de Beria, que se supunha herdeiro do trono de Lenin -, até monstruosidades como o massacre industrial de ucranianos e poloneses, nas décadas de 1930 e 40. Putin subiu ao poder como um tchequista, como cria dos "órgãos", como órfão desgraçado que teve que batalhar, desde a infância (sob uma família de aluguel, conforme exposto por Yuri Felshtinsky e Vladimir Pribilovski), contra meninos mais fortes, contra a fragilidade física nos primeiros anos da juventude e depois contra o sistema de favorecimento, homicídio e tortura emocional dentro do aparato de repressão do Estado soviético. Serviu na extinta Alemanha Oriental, onde supostamente realizou apenas o trabalho medíocre de burocrata. Voltou à Rússia e escalou toda a pirâmide de poder, deixando colegas da atual FSB espalhados em todos os campos da atividade humana, desde a importações de bens até o ápice da hierarquia nos principais meios de comunicação, passando por diversos ramos da indústria. Seu discurso é amado pelo povo russo - elegeu-se prometendo nada menos que tanques e morte aos inimigos do país, notoriamente, aos insurgentes islâmicos da Chechênia. Já matou mais jornalistas que apenas a heróica Politkovskaya, e matará mais. Já jogou mais inimigos no "reinaugurado" Gulag que apenas o ex-komsomol, e nem um pouco heróico, Mikhail Khodorkovsky, e nos campos ainda há espaço para muitos "inimigos do povo". Fala com seriedade pétrea contra jornalistas  inquiridores, mas usa sarcasmo e humor em tempo perfeito, como especialista, quando necessário. Defende sua causa com calma e realismo, com os dois pés no chão, como se a palavra fosse ciência. Para o público russo, que vive refém do amor pela tirania, fala com a firmeza de militar, chama inimigos de inimigos, e promete sangue. Apesar de todos os crimes que o sujeito possa ter cometido - e, sem dúvida, são o suficiente para condená-lo ao pelotão de fuzilamento, ainda que o juiz fosse o mais brando e compreensivo dos ocidentais -, é preciso reconhecer que o tchekista sabe o que está fazendo, como Andropov sabia há 30 anos.
Putin, em fotografia tirada em uniforme do KGB
Imagem: Business Insider

Obama, por sua vez, é uma piada. Não sabe se portar, não possui sequer a linguagem corporal que um líder da maior potência do mundo precisa ter. Cada palavra do homem passa fraqueza, dúvida e fingimento. No palanque, especialmente quando em situações de conflito, parece, por vezes, arcado, apreensivo. A cada golpe que recebe - como os muitos que sofreu de Ben Carson -, fica notoriamente mais fraco. É tão vulnerável quanto uma folha ao vento - se o seu objetivo realmente for desencorajar de vez o povo americano, está fazendo um trabalho muito bom. Obama é o tipo do indivíduo que parece ter decorado pilhas e pilhas de discursos prontos. Sua linguagem é o jargão. Não conhece as armadilhas, o riso de escárnio bem colocado, que deixa o adversário desconcertado, a flutuar no meio da luta, prestes a se afogar. Muito pelo contrário, é o próprio Obama que se deixa passar por isso - é conhecido por fugir do debate longo e das respostas bem construídas que desmoralizam e destroem emocionalmente o adversário-, é um tipo que passa perto de ter um infarto de vergonha. Sua postura condiz com sua suscetibilidade: é como um graveto retorcido. Se o vento é mais forte, se dobra, quebra e morre. É é sempre sem palavras que Obama sai de qualquer encontro com Putin - aliás, sai repetidas vezes mudo de encontros com quaisquer contendores firmes. Obama também é fruto de sua criação: uma família coruja, confortável, de classe média, que nunca lhe deixou faltar nada. Teve um pai ausente, que viu muito pouco em toda a vida (ao menos o pai "oficial"), e que não lhe passou absolutamente nada de significativo - salvo, quem sabe, alguma simpatia pelo Islam, que Barack Hussein já deixou clara em suas próprias palavras. Também foi influenciado por Frank Marshall Davis - segundo diversos autores, seu pai verdadeiro -, com quem teve muito contato e quem viu se envolver em uma relação extremamente confusa com sua mãe. Teve, ao invés da formação e trabalho espartano do serviço de segurança estatal leninista, um bico como "organizador comunitário" (sabe-se lá o que supostamente fazia no "cargo"). Não teve um exemplo de conduta masculina, contou com a benevoência infinita de sua mãe - que o jovem Obama viu ser humilhada no confuso envolvimento com Davis - e nunca teve um trabalho sério, em toda a vida. É, simplesmente, um indivíduo que não pode ser firme. É uma personalidade que não pode ser a de um líder - a menos que seja através do fingimento descarado, o mesmo fingimento que transpira a cada palavra em público.

A atual situação geopolítica da Rússia e dos Estados Unidos reflete as personalidades desses dois líderes. A posição influente e expansionista que a Rússia subitamente conquistou, seja através da vitória militar ou de alianças como a comunidade econômica eurasiana ou a SCO, é projeção da derrota da personalidade líquida e sensível de Obama pelo caráter marcial do soldado Vladimir Putin. Um "organizador comunitário" nada pode contra um tchequista. Colocar Obama contra Putin, na arena geopolítica, estratégica e em confronto, como líderes militares e de nações ou mesmo como oradores, é como colocar uma criança em luta de punhais contra um assassino profissional. Essas são, aliás, as essências das duas personalidades em jogo.

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