terça-feira, 3 de maio de 2016

O efeito Porchat

Fábio Porchat é mais um dos ícones "ilustres desconhecidos" da classe artística tupiniquim, financiada a peso de outro com a Lei Rouanet. É o tipo do indivíduo que não sobreviveria um dia sequer em um ambiente no qual o comediante deveria contar apenas com sua capacidade de autopromoção - já nasceu na UTI, vive e viverá de verbas estatais, como praticamente toda a esquerda nacional sonha em fazer. Compreender Fábio Porchat é entender toda a militância ideológica brasileira. Assim como seus pares no ambiente acadêmico, o rapaz entende que o fim do regime petista é o fim dos subsídios - os "barnabés" convencionais pensam que o petismo é a garantia da estabilidade para os medíocres, e Porchat engrossa as tropas dos barnabés dramatúrgicos. O petismo do comediante não é fruto de reflexão consciente sobre o futuro do Brasil ou sobre as melhores formas para fazer deste país uma nação mais próspera, onde a grande maioria dos cidadãos viva uma vida melhor. A decisão de apoiar o "socialismo petista" é um impulso de auto-preservação de quem se identifica com tão difamada "casta burocrática": assim como cada um dos líderes sindicais, ou como os ilustres desconhecidos do underground abastecido com verbas do executivo (a saber, gente como Pablo Capilé), Porchat vê a si mesmo como um Chico Buarque. Ele ajuda a compor a "elite iluminada" em ação no campo cultural, vê seu semblante como o busto de um apparatchik importante, um integrante da nomenklatura. Assim como os grandes esportistas dos regimes comunistas, agora extintos, da Europa Oriental, ele pensa que tem direito a privilégios astronômicos, a direitos olímpicos, à condição de braço do que há de mais moderno no Teatro - ou seja lá no que ele pensa que faz. Ele está para a comédia assim como a figura mitológica que atende pelo nome de Emir Sader está para as ciências sociais. O raro texto de Porchat - com toda a sua complexidade gótica em repetição ad nauseam de uma única frase: "Fora, Cunha!" - é a cria deformada da comédia nutrida com recursos governamentais, usurpados pelo partido através da nobre justificativa de "fomento à cultura". Como o jornal "O Estado de São Paulo" se dispôs a publicar coisa tão estúpida, só Deus sabe. O editor há de convir que a anta petista não é exatamente um Maiakóvski. Porchat é Sader, o texto de Porchat é o novo "Getúlio 'com LH'". O observador pode se mostrar perplexo e perguntar: "como isso é possível?" - a resposta é simples: com subsídios.
Imagem: Gazeta Financeira

O Partido dos Trabalhadores - reflexo organizacional de toda a atrocidade moral, psíquica e civilizacional que é o Estado brasileiro - é uma versão menos nobre ou limpa do "Rei Midas". Tudo que a organização toca vira tristeza e fracasso. O Brasil foi mais arruinado pela camarilha do que seria por três furacões Katrina e um Monte Santa Helena. Há mais de onze milhões de desempregados, em um país que, há poucos anos atrás, era visto como a grande promessa da América Latina para o Século XXI. Empresas brasileiras eram vistas como algumas entre as mais promissoras do mundo, o país era classificado como um dos mais estáveis e seguros para investimentos, graças à política adotada por FHC - que não é um santo e merece ser expulso da vida pública como qualquer outro socialista fabiano - e, em grande medida, seguida por Luíz Inácio Lula da Silva. Lula teve tudo para manter o Brasil no caminho correto, com responsabilidade fiscal e prosperidade, mas a estupidez ideológica e os compromissos partidários falaram mais altos: o marxista falou mais alto, e a liderança do aparato governamental jogou o país no lixo. Um socialista sempre será um socialista: o compromisso com o desastre econômico e com a "guerra de classes" dificilmente é superado, e Lula fez apenas aquilo que a máquina revolucionária o criou para fazer. Entre as obras de "destruição em massa", desde os mehores anos do governo petista, estão os financiamentos para a "cultura", o que, em boa linguagem brasileira, é pornografia barata, música de quinta categoria e peças dedicadas aos louvores da "elite revolucionária", agora com as rédeas do Estado. A economia brasileira virou lama - a "cultura" brasileira virou lixo. O país que um dia teve Mário Ferreira dos Santos, Machado de Assis e Bruno Tolentino, agora tem "Ghiraldellis", "Porchats" e "Duviviers". A conquista gramsciana possui efeito tão destrutivo na ocupação de espaços na máquina do poder quanto nos palcos e nas letras - o Estado torna-se refém do "movimento", da ideologia e das fantasias dos "líderes iluminados". O palco, pobre coitado, passa da explosão bela e frutifera das criações do espírito à bajulação canina.

Para a conquista do aparato estatal, o Partido dos Trabalhadores - com seus associados, das mais diversas facções marxistas - criou sistemas como o "mensalão" e o "petrolão". A subversão do sistema legislativo era essencial, tanto quanto foi decisiva a tomada dos sindicatos, das organizações estudantis e do funcionalismo público. Totalitarismo é, por definição, a interferência governamental em cada um dos aspectos da vida humana, e o PT levou a proposta a novas alturas. Tomar as organizações da sociedade civil e do governo era essencial, mas também era absolutamente necessário conquistar o apoio dos empresários - a colossal rede de beneficiários de propinas e de licitações fraudulentas desempenhou seu papel neste campo. No Estado e na economia, o resultado foi catastrófico: corrupção galopante, tão destrutiva e feroz quanto as tropas de Genghis Khan, e ineficiência avassaladora, seguida do endividamento, e da corrida em direção à falência. O parasita totalitário suga todas as forças da sociedade ao seu redor, porque a máquina partidária quer substituir a sociedade das "pessoas normais" - é impossíve falar do tema sem usar expressões da Ponerologia. O partido precisa absorver tudo ao seu redor e, neste processo, gradualmente, destrói a vida do hospedeiro. O Estado está arruinado, a economia está à beira da morte, e a cultura "subsidiada" segue o desfile em direção ao precipício. Não é possível fazer comédia "oficial". Não é possível fazer  "filosofia oficial". Não há "teatro oficial". O cérebro do pobre imbecil cooptado transforma-se em lixo com o dúbio alimento do "patrocínio" legal, e o que resta da alma desgraçada é apenas o soluço dos idiotas, que soa como "Fora, Cunha!". O Estado brasileiro nunca foi um primor de eficiência administrativa, e a humanidade aprendeu que os regimes marxistas tamnbém não são. O PT usou seu chicote na economia, e o país transformou-se em paraplégico. O partido selou e esporeou o teatro, e do galope medonho do cavaleiro incapaz nasceu Porchat.

A política nacional encontra-se marcada por apenas um grupo de pessoas, organizadas e conscientes, que sabem bem quais interesses estão defendendo. Os demais brasileiros são as pessoas normais, que desejam apenas trabalhar, em vidas saudáveis e produtivas, em um país pacífico e, se possível, rico. O grupo governante é composto por uma quantidade mínima de indivíduos, talvez menos de 5% da população. Os outros, que são heterogêneos demais para receberem o nome de grupo, são a vasta maioria, com opiniões, religiões, origens, formações, etnias e objetivos muito diferentes, mas caracterizado pela sanidade e por algum amor pelo bem de toda a nação. O conjunto das pessoas organizadas e conscientes, com um obetivo bem definido, isto é, preservar os interesses do partido, acredita que todo o movimento e os companheiros de viagem são beneficiários diretos do projeto e que possuem alguma chance de fazer parte da "elite revolucionária", eventualmente. Porchat é um desses. Ele acredita que é um dos nomes do "realismo socialista" - um dos artistas "autorizados". Aliás, ele acredita que é um artista. Assim como Emir Sader acredita que é um intelectual, ou como Tico Santa Cruz acredita que é um músico. Esses indivíduos possuem a mesma relação com o poder cultivada pelo topo das organizações sindicais, estudantis e, de forma mais abrangente, por toda a militância. A devastação do petismo é homóloga ao caos estabelecido pelo bolchevismo em qualquer outro país onde o movimento tenha tido a oportunidade de edificar um sistema. Os sintomas apresentados no último artigo, publicado em um dos maiores jornais do Brasil, mostram que a coletivização das mentes é tão nociva quanto a coletivização dos campos.

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