domingo, 15 de maio de 2016

Sobre a derrota provisória do petismo

A nomeação de Michel Temer à Presidência da República deu alívio nao apenas para o movimento conservador nacional, mas para a própria economia e para a maior parte da classe trabalhadora. O petismo jogou milhões de brasileiros no desemprego e na miséria - mais de dez milhões agora estão sem trabalho, e quantidade enorme de pessoas não pode sequer contar com o poder de compra oferecido pelos ineficazes "programas sociais" da era Lula: a inflação já destrói o valor do real mais rápido do que o welfare é capaz de correr. É urgente colocar ordem na situação da indústria nacional, que está à beira da morte, assim como no valor da moeda. Devolver credibilidade ao Brasil é outra tarefa que vai exigir considerável esforço ao senhor Temer, e não é possível prever quando será mais uma vez interessante aos investidores estrangeiros apostar recursos aqui. O que todos, especialmente na direita, já esperam é a resposta das esquerdas ao impeachment: o movimento socialista brasileiro não permitirá que o país se livre tão fácil da sombra do totalitarismo. As "nações bolivarianas" denunciam o "golpe contra a democracia" que houve no Brasil - Cuba está esperneando, assim como a Venezuela e a Bolívia. Nenhuma dessas nações é um exemplo de democracia, respeito pelas liberdades individuais ou pela integridade física de opositores pólíticos, e o movimento esquerdista brasileiro também não está preparando exatamente uma "recepção com flores" para o novo chefe do executivo.

Neste momento, não parece que a esquerda continental dará uma resposta "russa" aos acontecimentos no Brasil - quando a Ucrânia saiu da esfere de influência do regime de Vladimir Putin, foi muito fácil para a nação detentora das mais poderosas forças armadas da Eurásia colocar a "nação cossaca" de joelhos. A situação na América Latina é muito diferente - o Brasil não saiu inteiramente das asas do Foro de São Paulo. Temer já nomeou integrantes de "partidos irmãos" para ministérios vitais para a sustentação do país. O antigo Partido Comunista Brasileiro, atual PPS, está no comando do Ministério da Defesa - é mais uma parte significativa do Estado sob controle direto de um criado da organização criminosa. Ao mesmo tempo em que o novo Presidente da República não toma distância radical do bloco ideológico continental, a Venezuela e a Bolívia - as nações vizinhas com discursos mais agressivos contra o novo comando do Brasil - não estão em situação de criarem catástrofe militar contra o vizinho austral, maior e com mais evidente pujança produtiva. Apesar da situação severa na qual o país se encontra, esta ainda é a maior economia da América do Sul, ainda é um dos maiores produtores de gêneros agrícolas e ainda é, para os padrões regionais, uma potência industrial. As principais cidades, para a vida econômica brasileira, estão localizadas em regiões a distâncias expressivas dos vizinhos hostis. O principal dano que essas nações podem causar de deve à fraqueza do exército brasileiro, sucateado e sem condições de se manter em operação por mais de cinco horas, por falta de munições. A doença que aflige as forças de defesa do Brasil, ao que tudo indica, foi fabricada pelo governo anterior com o objetivo de assegurar que o feudo de Lula jamais se voltaria contra a "Pátria Grande" - a Venezuela se armou, e muito bem, com caças e fuzis russos exatamente pela mesma razão.

Além da clara ameaça oferecida pelo "movimento bolivariano" continental, a nova administração deverá lidar com um problema gigantesco - provavelmente muito maior do que o risco de um conflito armado com Estados vizinhos - dentro das fronteiras. A direita nacional não pode se esquecer de que apenas o poder formal do Partido dos Trabalhadores está definhando - a maior parte da influência da quadrilha não vem de cargos, mas sim dos chamados "movimentos sociais" e dos sindicatos. A Presidência da República era apenas o verniz democrático para o "Exército do Stédile", a verdadeira máquina de terror no campo utilizada para agredir o país. A CUT é o instrumento utilizado pelo movimento esquerdista para destruir a indústria, e a UNE é empregada nas paralisações das instituições de ensino. A constelação de organizações similares que o Partido tem à sua disposição é o maior potencial ofensivo do movimento revolucionário no Brasil, e pode fazer muito mais estrago do que ataques contra os territórios fronteiriços. Um bombardeio eficaz consegue arruinar a indústria de um país - para um grupo que não possui uma força aérea bem-equipada o suficiente, a sabotagem sistemática contra o campo e as cidades do inimigo é até mais desejável, e com o disfarce de uma revolta contra um governo acusado de usurpar o poder. O que está acontecendo em quantidade grande de escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo é exemplo de uso do "músculo coletivo": a partir de agora, todos os movimentos de massa que se calavam diante do naufrágio civilizacional passarão a protestar e impedir o funcionamento normal do máximo de instituições que forem capazes de alcançar.

Os "movimentos sociais" são um problema grave, mas Temer ainda deverá lidar com um terceiro, antes de ser capaz de colocar a nação nos trilhos: o funcionalismo público e o aparelhamento do Estado. Os vizinhos "bolivarianos" podem ser um problema diplomático significativo e uma ameaça militar, os "movimentos sociais" têm a capacidade de criar caos na indústria e na agricultura, mas talvez a pior das situações seja a identificada no próprio Estado. Qualquer reforma econômica deverá, necessariamente, passar pela burocracia. E a "casta burocrática", ou boa parte dela, entendeu que o petismo é a melhor expressão de seus interesses. Para grande parte dos servidores, Michel Temer não é apenas um "golpista": é um "inimigo de classe". Apesar de ser integrante de um grupo historicamente ligado com o "estamento" governante  - para utilizar a expressão de Olavo de Carvalho - cristalizado no Partido dos Trabalhadores, Temer é visto como um líder favorável às privatizações e a uma abordagem liberal na economia. Os integrantes da burocracia jamais permitiriam que um presidente com esse tipo de conduta fosse capaz de agir livremente, e com certeza o novo chefe de Estado enfrentará problemas dentro de sua própria administração. A quantidade de expedientes que podem ser empregados contra o ex-aliado de Dilma é tão grande e com usos tão criativos que resta apenas apiedar-se pelos que serão responsáveis por lidar com isso. O novo governo poderá ser ignorado, negligenciado por seus funcionários de diferentes importâncias, sabotado em todos os níveis, poderá enfrentar sucessões de greves em praticamente todas as autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista  e muito mais. A confusão criada pelos "movimentos sociais" é como uma doença viral ou bacteriana, na qual o agente é externo à "vítima". Os dano causados pela própria burocracia são como decapitar o pobre coitado, e o Partido, humilhado durante o processo que deu fim a treze anos de controle sobre o Estado, não terá qualquer misericórdia dos que agora decidem os rumos da nação.

A vitória na batalha pelo fim da Presidência petista deve ser comemorada, com ressalvas gigantescas, como é indicado pela negligência da oposição a respeito da fraude eleitoral de 2014. As lutas mais importantes ainda estão longe do fim, e quase todas elas dizem respeito à própria civilização, aos fundamentos da cultura do Brasil. O país precisa de uma contra-revolução cultural, que irá varrer para "a lata de lixo da História" toda a degeneração material, moral, artística e mesmo linguística fomentada pelo "partido da burocracia" e pelo movimento revolucionário. Este processo leva décadas, porque é a própria instrução das novas gerações, sob as luzes da alta cultura - é, efetivamente, o processo de reinserção do Brasil na cultura universal, que é vista como "elitista" e "eurocêntrica" pela classe de trogloditas que permaneceu por mais de uma década com o poder de decidir quais formas de expressão estão mais de acordo com o projeto totalitário-coletivista. A formação de cidadãos através de uma educação saudável, que devolva as glórias do Ocidente aos estudantes, será o confronto derradeiro, e que exigirá força sem fim de todo o movimento conservador. A esquerda moderna se curva sob o peso de sua atrocidade deformada, e seria repudiada pelo próprio Lenin, que acabaria por abandonar o marxismo e decidiria ler urgentemente Chesterton, caso tivesse sequer ideia da queda observada nos simpatizantes atuais do bolchevismo. A mente da "vanguarda" está morta, e seu fedor se espalhou pelo que o Partido dos Trabalhadores convencionou chamar de "cultura" de maneira quase caricata. A guerra cultural é, no fim, a guerra decisiva, e a agonia esquerdista mostra que o futuro será melhor para o conservadorismo do que para os leninistas.

Comentário de Olavo de Carvalho sobre a situação política brasileira - autor discute o método de poder do "estamento burocrático", a "revolução cultural" utilizada pela esquerda como estratégia de perpetuação no comando da sociedade e importância da "guerra cultural" e da derrubada do Partido dos Trabalhadores:

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